quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A importância da leitura

Estava eu em casa lendo uma coletânea de textos de um curso de formação de professores, e me deparei com um texto de Rosângela Veliago, que de uma maneira simples mexe com o nosso eu formador de leitores, e nos faz pensar em quantos erros cometemos com nossos alunos, por falta de saber se colocar como aluno também, que de fato somos, uma vez que estamos sempre a voltas com cursos, especializações, aperfeiçoamentos, etc.
Em seu texto ela cita que a leitura deve ocupar o horário nobre da aula. E de fato precisa, deve ser assim, a sala de aula é o espaço escolar em que os alunos ficam mais tempo, e nós professores devemos encontrar em nossa prática um momento diário desse encontro deles com a leitura, e muitos de nós neste momento pensamos “ eu faço isso, faço a leitura deleite todos os dias”, mas em um mundo onde a leitura é tão forte para o nosso papel de cidadão, de ser integrante e ativo da sociedade, nossos alunos precisam de mais, muito mais do que 20 minutos de histórias.

Formando-se leitor e formando leitores (Rosângela Veliago)
É comum que leitores inveterados tenham muitas histórias para contar a respeito de sua experiência doméstica com a leitura e bem pouco a dizer acerca de sua relação com os livros no espaço escolar. Certa vez ouvi uma história que retrata bem o que a leitura pode representar para alguém pequeno, que ainda não a domina por si mesmo.
A cena se passava numa antiga fazenda, onde a energia elétrica era desligada diariamente ás 20 horas. A matriarca da família adorava ler novelas. Seu esposo então improvisou um sistema que permitia manter uma luz acessa. Enquanto a mãe tricotava, o pai lia os capítulos das fantásticas novelas. E as crianças, que eram obrigadas a deitar assim que a energia era desligada, também se deliciavam com a leitura que inundava toda a casa.
É preciso que os professores ajudem as crianças a descobrir nos textos sua face mais pessoal e prazerosa, sua dimensão mais encantadora e envolvente.
Ler, como qualquer aprendizagem, requer dedicação: por isso os alunos devem ter a oportunidade de encarar o livro como um desafio interessante que abrirá portas, não só para o conhecimento, mas também para o entretenimento e a diversão.
A prática de leitura na escola precisa se assemelhar à prática da leitura fora da escola. As crianças precisam saber que lemos por diferentes razões e que não lemos todos os textos da mesma forma.
Ler para as crianças é uma atividade fundamental: elas merecem que os adultos leiam diariamente para elas. É ouvindo contos, fábulas, mitos, notícias ou poemas, enquanto ainda não sabem ler autonomamente, que elas podem ter acesso a tudo que a escrita representa, além de aprender muito a respeito da linguagem que se usa para escrever.
Antes de ler um texto para classe, o professor precisa conhecê-lo, para que possa comentar as razões de sua escolha e demonstrar seu interesse de leitor em compartilhar suas descobertas.
Para motivar a classe, é possível criar situações que despertem uma emoção especial, por exemplo, ler uma história “de medo” em um lugar escuro, modificando a entonação da voz. Ler não deve ser uma atividade extra- quando sobra tempo, quando a classe está muito agitada ou quando faltaram muitos alunos. A leitura precisa ocupar o horário nobre da aula.
“Muitos alunos talvez não tenham muitas oportunidades, fora da escola, de familiarizar-se com a leitura; talvez não vejam muitos adultos lendo, talvez ninguém lhes leia livros com frequência. A escola não pode compensar as injustiças e as desigualdades sociais que nos assolam, mas pode fazer muito para evitar que sejam acirradas em seu interior. Ajudar os alunos a ler, a fazer com que se interessem pela leitura, é dotá-los de um instrumento de aculturação e de tomada de consciência cuja funcionalidade escapa dos limites da instituição”
                                                                                                  Isabel Solé, O prazer da leitura.
Mesmo quando as crianças ainda não sabem ler, a sala de aula deve ter um espaço com livros, revistas, jornais, folhetos e histórias em quadrinhos, para poderem folhear a vontade, sem que alguém fique perguntando o que estão entendendo.
Enquanto isso é importante que o professor também leia seu próprio livro, revista ou jornal. É imprescindível que as crianças percebam que ler é uma atividade importante e que o adulto também gosta de realizá-la.
Nós, alunos e professores, precisamos descobrir ou redescobrir que ler pode, e deve, ser uma maravilhosa aventura.