quarta-feira, 1 de junho de 2016

Mensagem para reunião de pais

Para refletir...                                                                                 
Quem tem um pouco mais de “experiência”, para não dizer idade, ainda é capaz de lembrar o ardor causado pelo Merthiolate, que é um anti-séptico para ferimentos.
Eu, moleca que era, vivia ralando os joelhos, cotovelos e o que mais conseguisse, e não sei o que era pior: a dor do ferimento ou o ardor do Merthiolate.           
Ainda ouvia da minha mãe que “se ardia era bom porque estava matando as bactérias”… Ela nunca assoprava o que na época, eu achava sádico, mas hoje sabemos que era sábio, afinal, quando se assopra uma ferida, podemos infectá-la ainda mais com as bactérias presentes na boca.                
Enfim, cair primeiro doía e depois ardia.   Com o tempo, o Merthiolate criou uma fórmula que não arde. Com o tempo, não permitimos que nossos filhos sintam nem o ardor do Merthiolate, nem os ardores da vida.                     
   Estamos criando uma geração que não sabe o que é ardor, fome, sede, espera, paciência. Carregamos um kit completo anti “pitis” na bolsa, com água, bolachas, celular, tablet, caderno, lápis, analgésico. Nossos filhos não podem esperar. Esperar meia hora, quarenta minutos por uma comida? Jamais! Dez minutos por uma água? Não!                               Não podem ir a restaurantes sem espaço para crianças porque não suportarão a permanência no local. O que estamos criando?                                      
Nossas esperas foram boas e até hoje a vida nos ensina a esperar. As crianças devem e podem esperar. Nós, como pais, temos a obrigação de ensiná-los a esperar porque temos que prepará-los para a vida como ela é.    A criança tem uma necessidade, fica chata, não temos paciência e damos o que ela quiser. Qualquer coisa. E assim, nossas baixas resistências aos apelos dos filhos nos levam ao erro.                                                          Nada mais arde. Nem Merthiolate. Na verdade, tudo continua ardendo, apenas damos-lhes a falsa sensação de que nada mais arde, de que tudo é imediato. É isso que queremos ensinar?
                                                                            Autora: Clemance Garcia


                                                                                                                                                  



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